quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

UM SENTIMENTO CHAMADO CORINTHIANISMO

13 de outubro de 1977

José Donizetti Morbidelli

Internado num hospital por cair de uma árvore, naquela noite fui surpreendido por um foguetório ensurdecedor. Menino ainda, demorei para compreender o que estava acontecendo, até que um paciente me disse que era gol do Basilio. Mas quem é esse Basilio? – perguntei. Ele simplesmente me olhou, afirmou com toda a convicção que eu seria corinthiano e um dia iria compreender. Dito e feito! E o que se comentou ao final da partida é que o Corinthians finalmente havia sido campeão, depois de quase 23 anos sem títulos. Fiquei empolgado e, ao receber alta, ganhei uma camisa. Foi o início de uma paixão. Não, paixão é pouco para definir o sentimento que se apossou de mim. No meu universo colorido, parecia haver somente duas cores: o preto e o branco. Bendita mangueira que cruzou o meu caminho. Graças a uma árvore livrei-me de torcer por outro clube. Deus me livre! É diante dos perigos, das adversidades da vida que se aprende a ser corinthiano. Como é bom ser sofredor, o sabor da vitória é mais doce no final, infinitamente mais saboroso. Ser corinthiano não é simplesmente gostar de futebol, mas respirar, viver intensamente esse time, uma força motriz capaz de quebrar paradigmas e protocolos, lançar moda e criar cultura, unir povos inimigos. Também gera rivalidade, é claro, mas que graça teria se o futebol fosse unilateral? Corinthianismo é um sentimento que se adquire desde pequeno, tão marcante que deveria vir como marca de nascença, um órgão essencial para a sobrevivência e a continuidade da espécie. Talvez essa seja a melhor definição. O Corinthians é uma parte do próprio corpo humano, uma artéria do coração, a melhor metade da alma: o amor. Um amor que cresce a cada segundo e que até assusta. Enquanto existir o Corinthians, haverá o amor. E como o amor jamais acaba, o Corinthians também é infinito, e infinita é a sua grandeza. Geração após geração, vão se os ídolos, os torcedores, mas a história permanece. E a história do Sport Clube Corinthians Paulista é regada de conquistas. Mas qual é a mais importante? Impossível responder, a melhor ainda está por vir. Mas, para mim, a que está estampada em letra maiúscula na memória é aquela de 13 de outubro de 1977. Afinal, foi assim que eu me tornei filho dessa imensa nação alvinegra.

Recanto das Letras - 2005 (http://recantodasletras.uol.com.br/cronicas/86604)
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2 comentários:

  1. Ótimo texto, traduz bem o que é ser corithiano... Parabéns!!!

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  2. Paixão sempre me provoca dois sentimentos: 1- inveja! deve ser bom sentir assim por algo que não seja gente, bicho, alma...**2- desconfiança! será que não é maluquice das brabas?**Boa sua crônica!
    Edna Lopes

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