segunda-feira, 31 de agosto de 2009

FIM SE SEMANA SEM TIMÃO É COMO DOMINGO SEM MACARRÃO

Rodada do Brasileirão sem a participação do Corinthians é como domingo sem macarronada - se bem que marcarroni é mais para os italo-palmeirenses -; ou então sabádo sem pizza - isso sim cai muito bem no gosto paulistano. Há alguns anos eu até diria que fim de semana sem jogo do Timão é como domingo sem Sílvio Santos, mas atualmente o "homem do baú" está longe de ser o mesmo de outras décadas.

E por que os milhões de corinthianos tiveram um dia tão atípico? Por interesses da poderosa TV Globo, a detentora dos direitos de transmissão do campeonato. Sem opções para suas quarta-feiras esportivas em São Paulo, o Corinthians sempre acaba se tornando a solução - e que solução! E é melhor os alvinegros irem se acostumando; afinal Corinthians x Santos também foi antecipado para o próximo dia 02 - quando, de fato, o clube entra no ano do centenário. Isso quer dizer que o próximo fim de semana vai ser outra mesmice!

Para quem nao consegue ficar sem ver futebol nos domingos à tarde, a alternativa foi assistir ao embate entre tricolores e alviverdes. Um 0x0 que deixou a fiel torcida satisfeita; o Palmeiras não disparou na liderança e o São Paulo saiu do nada para lugar algum. Mas muito mais agradável do que ver um clássico tão sem graça, foi curtir uma tarde ensolarada e um céu azul como há tempos não se via na capital. E sem o bando de loucos nas arquibancadas, o jeito foi usar a camisa nos inúmeros parques da cidade.

José Donizetti Morbidelli

Jornalista

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

QUAL DEVE SER A EQUIPE TITULAR DO TIMÃO EM 2010?

Considerando o atual elenco do Corinthians e se algumas negociações – como a do meia Riquelme – que ainda podem se concretizar, Mano Menezes terá uma agradável dor de cabeça para definir seus titulares no ano do centenário.
Diante das opções abaixo, qual seria a sua equipe titular?

Goleiros: Felipe, Júlio César, Rafael Santos, Danilo
Laterais: Alessandro, Balbuena, Diogo, Marcelo Oliveira, Marcinho, Escudero, Bruno Bertutti, Dodô
Zagueiros: Chicão, William, Diego, Jean, Paulo André, Renato
Volantes: Jucilei, Moradei, Edu, Marcelo Mattos
Meias: Elias, Morais, Boquita, De Federico, Riquelme, Jadson
Atacantes: Jorge Henrique, Ronaldo, Dentinho, Edno, Souza, Bill, Henrique, Marcelinho

A minha escolha é: Felipe, Alessandro, Chicão, William e Marcelo Oliveira; Marcelo Mattos, Elias e Riquelme; Jorge Henrique, Ronaldo e De Federico.

José Donizetti Morbidelli
Jornalista
jdmorbidelli@estadao.com.br

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

SPORT CLUB CORINTHIANS PAULISTA DE MILÃO

Depois da roxa – que simboliza, de acordo com o departamento de marketing, a paixão dos corinthianos pelo time – foi a vez do Timão estrear a camisa azul. Se algum desenformado ligasse a TV na quarta à noite sem rodada pelo Campeonato Brasileiro – Barueri x Corinthians foi antecipado por decisão da TV Globo, que detém os direitos de transmissão –, à primeira vista poderia imaginar que se tratava de uma partida do futebol italiano; afinal, as semelhanças com o uniforme da Inter de Milão são grandes.

Com cores pretas verticais contrastando com um azul bem acentuado, visualmente a camisa é muito bonita e, ao contrário da roxa, não causa aquela dúvida decorrente da pigmentação do tecido que tanto confunde os torcedores. "Afinal, o terceiro uniforme do Timão é roxo ou azul?", muitos já se fizeram essa pergunta. No vídeo e nas fotos realmente parece azul, mas na realidade o terceiro uniforme é roxo.

Bem, mas na estreia da uniforme a la Internazionale o Corinthians, depois de tomar um gol relâmpago e um primeiro tempo sofrível na Arena Barueri, levou um chacoalhão do treinador e virou o placar na etapa complementar. Mas o Barueri provou mais uma vez que não é um time fácil a ser batido, principalmente jogando em casa; numa falha de Paulo André, que praticamente não saiu do chão, o artilheiro Val Baiano deu números finais à partida(2x2).
A fiel, entretanto, tem que reconhecer a importância de Souza – aquele mesmo que ganha 170 mil mensais é tão contestado pela falta de gols –, que entrou no segundo tempo e contribuiu para que o time de Mano Menezes não deixasse a Arena com a oitava derrota na competição. Aliás, mesmo sem balançar as redes, Souza é a melhor opção para a vaga do contundido Ronaldo. Henrique e Bill – este antes acostumado a marcar pelo Bragantino – , por enquanto não corresponderam ao investimento.

José Donizetti Morbidelli
Jornalista
jdmorbidelli@estadao.com.br

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

JORGE HENRIQUE: BAIXINHO, MARRENTO, MAS MUITO VERSÁTIL

No Botafogo ele não passava de um atacante mediano, sem muita badalação nem mesmo no famigerado futebol carioca. E, a princípio, sua vinda para o Timão deixou a fiel um tanto quando ressabiada: Jorge Henrique no Corinthians? Mas o ex-botafoguense caiu como uma luva, e aos poucos o baixinho, marrento e versátil atacante foi conquistando seu espaço no time e hoje é peça imprescindível no esquema tático de Mano Menezes.

Importante na campanha invicta do Campeonato Paulista, mas foi na conquista do Tricampeonato da Copa do Brasil que ele mais se notabilizou. Jorge Henrique é daquele jogadores que cumprem à risca as determinações dos comandantes; que ocupa todos os espaços como se encurtasse as dimensões do campo; que com uma garra impressionante contagia a torcida e os próprios companheiros; que auxilia a defesa e alimenta o ataque. Não é à toa que caiu no gosto do treinador – que não cansa de elogiá-lo – e nas graças da exigente torcida alvinegra – que grita seu nome a plenos pulmões em dias de jogos. E aqueles torcedores desconfiados que antes franziam as sobrancelhas, são obrigados a admitir: o cara é bom!

Desde sua vinda para o Parque São Jorge, no início da temporada, Jorge Henrique fez do Internacional sua principal vítima. Em três jogos – dois pela Copa do Brasil e um pelo Brasileirão – o carioca, agora mais paulistano do que nunca, balançou as redes coloradas em três oportunidade – a última foi bastante contestada, mas como chorar faz parte do jogo, então o negócio é correr para o abraço.

Mesmo sem beijo no distintivo ou declarações de amor que nem sempre soam verdadeiras, o atacante parece mesmo fazer da camisa alvinegra sua segunda pele – como dizia Marcelinho Carioca. Titular absoluto e gozando de enorme prestígio, certamente dessa pele vai ser muito difícil ele se desprender.


José Donizetti Morbidelli
Jornalista
jdmorbidelli@estadao.com.br

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

TIMÃO: TRAIÇÃO E GARRA

As especulações sempre fizeram parte da cultura do futebol, e times de grande poder midiático – especialmente o Corinthians – se tornaram os alvos favoritos para a ação de empresários inescrupulosos e da própria imprensa esportiva. Desde a final da Copa do Brasil que os adiantadinhos de plantão já começavam a montar o plantel do Timão para a Libertadores 2010 – isso em pleno andamento do principal campeonato do futebol brasileiro.

De todas as especulações, no entanto, algumas acabam se concretizando enquanto outras não passam de pura invenção para ludibriar os pobres torcedores. Lucas, Riquelme, Silvinho, Vagner Love, Matias De Federico, ou seja, quase meio time para reforçar o Corinthians. E desses, quantos realmente foram contratados? Apenas De Federico desembarcou em São Paulo para assinar contrato, e com merecida recepção;
não ainda pelo futebol – visto por enquanto apenas pelo You Tube – , mas por peitar os dirigentes do Huracán e pela vontade de fazer história com a camisa alvinegra. Seja bem-vindo, hermano e buena sorte.

Infelizmente a mesma conduta que se esperava de um prata da casa se transformou numa apunhalada pelas costas. Silvinho preferiu esperar até o último momento por uma proposta do futebol europeu – que veio do Manchester City – a assinar contrato com o time que o revelou para o mundo. Pura ingratidão! Mas se ele prefere jogar na Europa, que seja feliz por lá e até nunca mais! Aliás, o lateral esquerdo de Mano Menezes se chama Marcelo Oliveira.

O Timão sempre esteve de portas abertas a todos que realmente estejam interessados em vestir a camisa alvinegra com amor e garra. E é por falar em garra que os argentinos têm se dado tão bem no Parque São Jorge. Que o diga Carlito Tevez e, mais recentemente, Herrera; e quem sabe também dirão De Federico e Riquelme.

José Donizetti Morbidelli
Jornalista
jdmorbidelli@estadao.com.br

domingo, 23 de agosto de 2009

CHUVA DE GOLS E MUITA LAMBANÇA DO JUÍZ NO PACAEMBU

Uma vitória contra o Botafogo colocaria o Corinthians no G4 do Campeonato Brasileiro, se bem que estar entre os primeiros colocados não importa muito para o alvinegro paulista, que já tem vaga assegurada para a Libertadores – o que interessa mesmo é o título. Em três oportunidades o Timão esteve à frente do placar, mas acabou cedendo o empate num jogo tão repletos de gols como de lambanças da arbitragem – erros dos dois lados, para deixar bem claro à metade vermelha do belo Estado do Rio Grande.

Dos jogadores que disputaram o Campeonato Paulista e a Copa do Brasil pelo time de Parque São Jorge, somente três estiveram em campo: Elias; Dentinho, autor de dois gols; e Jorge Henrique, mais uma vez o melhor em campo. A partida, agradável de se ver devido às inúmeras chances para ambos os lados, mostrou algumas deficiências das duas equipes: no Corinthians, além da defesa composta por laterais improvisados – Jucilei e Marcinho – e zagueiros que nunca atuaram juntos – Jean e Paulo André, é impressionante como os centroavantes não conseguem chegar às redes. Souza, que substituiu Henrique, poderia mudar esse quadro se o treinador não o tivesse vetado de cobrar o segundo pênalti, inexistente, que Dentinho quase perdeu; já o Botafogo provou mesmo que é o rei dos empates do campeonato e, se não tem uma linha de frente que assusta, conseguiu se valer da falta de entrosamento da zaga adversária. Reinaldo, que entrou no segundo tempo, foi o primeiro a balançar as redes alvinegras, seguido pelas mãos de André Lima e pela falta magicamente cobrada por Lúcio Flávio – parecia ter colocado com as mãos, mas mãos que valem.

Com o resultado, o Corinthians viu o rival Palmeiras escapulir na tabela e a diferença aumentar para nove pontos, mas como o campeonato é cheio de “aclives” e “declives”, nem tudo está perdido. Perdido mesmo está Mano Menezes, que vai ter que se desdobrar novamente para montar o time, que há tempos já está tão remendado, para a próxima partida contra o Barueri; afinal, Dentinho e Jucilei são desfalques certos por terem recebido o terceiro cartão amarelo.

José Donizetti Morbidelli
Jornalista
jdmorbidelli@estadao.com.br

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

POLÊMICA: ESSÊNCIA DO FUTEBOL

Desde 2005 que Corinthians e Internacional não falam a mesma língua, mais precisamente após o suposto pênalti cometido pelo goleiro Fábio Costa sobre o volante Tinga, no Pacaembu. Até então os times empatavam com um gol e uma eventual vitória dos gaúchos poderia levá-los à liderança do Brasileirão. Soma-se a isso o episódio Edilson Pereira de Carvalho e o cancelamento de 11 partidas que, indiretamente, beneficiou o alvinegro – diga-se de passagem, o Timão não teve qualquer culpa pela lambança da arbitragem.

Quatro anos depois, antes mesmo do Corinthians se sagrar, com todos os méritos, tricampeão da Copa do Brasil, o assunto “favorecimento” foi desenterrado pelas bandas dos pampas gaúchos. Até um DVD com os erros a favor do time de Parque São Jorge foi preparado pelo vice-presidente do Inter Fernando Carvalho, com a intenção de pressionar o árbitro da final e motivar seus jogadores. Um tiro certeiro no próprio pé!

O mais recente capítulo dessa novela – mas longe de ser o último – aconteceu na abertura do returno do Brasileirão 2009. Ainda nos vestiários, o treinador Tite já culpava a arbitragem pela derrota colorada, exemplo seguido pelos dirigentes que até publicaram nota no site do clube enfatizando que “está virando rotina a arbitragem facilitar as coisas para o time paulista". O engraçado é que, apesar dos três gols terem sido assinalados em posição irregular, apenas os do Corinthians são mencionados na referida nota.

Erros na arbitragem sempre aconteceram e sempre acontecerão; todos os clubes do futebol mundial são beneficiados e todos são prejudicados. A International Board – órgão responsável pela formulação das leis do futebol – cogita realizar algumas mudanças no sentido de minimizar os erros de arbitragem – chip na bola, por exemplo. Aí eu pergunto: se não houver mais polêmica, qual será a discussão do dia seguinte no bar, no trabalho, ou nas ruas? Novela das oito? A polêmica é a essência do futebol, mas infelizmente aqueles que nunca chutaram uma bola na vida querem acabar com tudo.

José Donizetti Morbidelli
Jornalista
jdmorbidelli@estadao.com.br

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

INTER ADIA REVANCHE E TIMÃO ENTRA NA BRIGA PELO TÍTULO

Mesmo sem ter feito um único treinamento com a equipe que levou a campo para enfrentar o Internacional no Beiro-Rio, em virtude do temporal que castigou a cidade de São Paulo durante a semana, ou pupilos de Mano Menezes fizeram um ótimo jogo, com forte marcação, determinação tática e saída rápida para o ataque.

Quem esperava um Corinthians acuado acabou se surpreendendo. Resultado: segunda vitória consecutiva do Timão, que agora soma 31 pontos e entrou definitivamente na briga pelo título. Em apenas duas rodadas, a diferença para o líder Palmeiras, derrotado pelo Coritiba no Couto Pereira, reduziu para apenas seis pontos – ou dois jogos, para os mais otimistas.

Também desfalcado, o Inter não conseguiu impor aquela pressão que se esperava, talvez por se sentir igualmente surpreendido com a postura do adversário. Mas, apesar do resultado negativo, o time de Tite continua bem colocado na tabela, considerando ainda que conta com duas partidas a menos – contra Santos e Atlético Mineiro.

Difícil apontar o melhor em campo, mas não é à toa que Jorge Henrique tem recebido constantes elogios por parte do treinador corinthiano. Baixinho, marrento, mas perfeito taticamente. O atacante – que também faz papel de defensor – ocupa todos os metros quadrados do campo, e tem sido preponderante para o time nesse momento de tantos desfalques.

Se o alvinegro paulista já estava engasgado na garganta dos colorados desde a final da Copa do Brasil, é lá que vai permanecer durante mais um longo tempo – pelo menos até o próximo confronto, que acontecerá somente na temporada 2010.


José Donizetti Morbidelli
Jornalista
jdmorbidelli@estadao.com.br

terça-feira, 18 de agosto de 2009

INTER E TIMÃO REVIVEM FINAL DA COPA DO BRASIL

Depois de quase dois meses desde a final da Copa do Brasil, Internacional e Corinthians – os melhores times do país no primeiro semestre – voltam a se encontrar, dessa vez pela abertura do returno do Brasileirão. E por mais que não se admita pelas bandas do Rio Guaíba, o clima que já começa a se formar na torcida colorada e tende a contaminar os jogadores é mesmo de revanche. Não que uma eventual vitória do Inter vá fazer o tempo voltar atrás e redefinir o campeão, mas pode resgatar aquele orgulho latente que corre na veia do gaúcho, que não admite por nada ver seu time batido no próprio território – a conquista do Timão, entretanto, provou que mesmo jogando no Beira-Rio, o bicho não é tão feio como parece.

Tanto Corinthians como Internacional vêm de convincentes vitórias por 2x0 pela última rodada – o alvinegro bateu o Atlético Mineiro, enquanto o colorado venceu o Santo André –; os dois treinadores têm problemas para escalar suas equipes; e ambos os times perderam jogadores para o futebol europeu – nesse caso, o Timão foi mais lesado. Diante de tantos pontos em comum, é difícil apontar um favorito. Se o Inter joga em casa, o Corinthians demonstrou, pelo menos no último jogo, que quer incomodar os que estão à frente na tabela.

No primeiro turno, no Pacaembu, os titulares gaúchos venceram os reservas paulistas com um golaço de Nilmar, talvez o mais bonito da competição até agora. Só que Nilmar não veste mais a camisa colorada; além disso, o veloz e habilidoso Taison foi expulso contra o Santo André e desfalca o time. Um problema a menos para Mano Menezes, se bem que seria muito melhor se ambas as equipes estivessem completas; assim, poderiam reviver com maior autenticidade a grande batalha do primeiro semestre, um jogo emocionante que certamente entrará para a galeria dos melhores do futebol brasileiro dos últimos tempos.


José Donizetti Morbidelli
Jornalista
jdmorbidelli@estadao.com.br

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

JUCILEI: O CORINGA DE MANO MENEZES

O Corinthians Parananese não vai bem na Série D do Campeonato Brasileiro; no último domingo, na abertura da segunda fase, o Timãozinho perdeu em casa para o Chapecoense (0x3), e agora terá uma missão quase impossível no jogo de volta em Chapecó (SC): derrotar os catarinenses por quatro gols de diferença. Porém, se vale como consolo para os paranaenses, a maior revelação do time - quando este ainda se chamava J. Malucelli - tem feito sucesso no Parque São Jorge e se transformando no coringa de Mano Menezes para suprir algumas carências do Timão.

Com apenas 20 anos de idade, Jucilei tem demonstrado maturidade de "gente grande", tanto na posição de origem - volante - ou improvisado na lateral direita, como foi escalado no jogo contra o Atlético Mineiro. Em ambos os casos, a mesma disciplina tática na defesa, eficiência no desarme, passes precisos e até investidas, com categoria, ao ataque. Foi assim que ele chegou às redes pela primeira vez com a camisa alvinegra - na vitória sobre o São Paulo -, e deu uma assistência perfeita ao centroavante Ronaldo contra o Cruzeiro, como se dissesse: "Vai Fenômeno, faz!".

Cristian sempre será lembrado com especial carinho e gratidão pelos corinthianos, principalmente por ter, literalmente, vestido a camisa do clube com muita garra e determinação antes de debandar para o Fenerbahce. Mas, como o futebol é muito dinâmico - jargão do presidente Andres Sanches -, aos poucos Jucilei vai ocupando esse espaço no coração da fiel. Sorte de Mano Menezes, ou melhor, competência. Afinal, o gaúcho é danado e sabe como ninguém escolher as suas apostas.

José Donizetti Morbidelli
Jornalista
jdmorbidelli@estadao.com.br

domingo, 16 de agosto de 2009

RAÇA TAMBÉM GANHA JOGO

Ontem, no Pacaembu, Corinthians e Atlético Mineiro fizeram o jogo dos desfigurados - e deu Timão. Ainda ressentido das perdas de vários jogadores, sem os dois laterais de ofício e com sua principal estrela comendo pipoca nas arquibancadas, Mano Menezes se viu obrigado a mexer em várias posições. E não é que deu certo? A determinação cm que a equipe entrou em campo foi a principal virtude, suplantando a técnica pela carência de um camisa 10 - e já está a caminho do Parque São Jorge.

Sem medo de dividida e sem vergonha de dar chutão, o time que não ganhava há cinco rodadas não teve dificuldades para "cozinhar" o Galo. Falar que Jucilei - improvisado pela ala direita - jogou bem é "chover no molhado"; mas ele não protagonizou sozinho o espetáculo: zaga precisa; meio-campo consistente, com Elias muito bem atuando em sua posição original; e ataque endiabrado - Dentinho e Jorge Henrique deixaram a defesa atleticana em polvorosa. Enfim, apesar do receio que pairava em cada um dos 21 mil torcedores que comparecem ao estádio, tudo aconteceu como a fiel esperava.

Com a substituição de Edu, contundido ainda no primeiro tempo, por Moradei, o time acabou ganhando ainda mais consistência na marcação e anulou qualquer tentativa de investida dos mineiros. Novamente o centroavante escalado por Mano Menezes - dessa vez, Henrique - não balançou as redes (até balançou, mas o gol foi anulado) -, mas teve participação importante, principalmente ao recuperar a bola no segundo gol - e que golaçooo de Boquita.

Agora o Timão soma 28 pontos e nove o separa do líder Palmeiras; ou apenas três rodadas para os mais otimistas. Mais importante, entretanto, do que essa diferença é o resgate da motivação do grupo, acomodado desde a conquista da Copa do Brasil. Uma postura que enche a fiel de esperança pela conquista da tríplice coroa.

Será que ainda dá tempo? A próxima partida será no Beira-Rio contra o Internacional, que ainda tem o Corinthians entalado na garganta e vem com sede de vingança - se bem que se trata de outra competição. Jogo difícil, talvez o pior desse segundo turno pelas circunstâncias, mas se os corinthianos mantiverem a mesma atitude, podem perfeitamente voltar a São Paulo com três pontos na bagagem. Daí, e com os reforços que a diretoria tem prometido, vai ser difícil segurar o Timão.

José Donizetti Morbidelli
Jornalista
jdmorbidelli@estadao.com.br

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

RECEITA PARA VENCER O GALO

Além de tirar o sono de Mano Menezes, os “muitos” problemas de contusão no Corinthians também têm feito o gaúcho arquejar as sobrancelhas e trabalhar dobrado – mas é para isso que ele é pago, e muito bem por sinal. Com o departamento médico abarrotado, não sobram muitas opções para montar a equipe que enfrenta o vice-líder Atlético Mineiro no próximo domingo, no Pacaembu. Um dos frequentadores mais assíduos do Ceproo – Centro de Preparação e Reabilitação Osmar de Oliveira – tem sido o lateral direito Alessandro, justamente um dos setores mais carentes da equipe, uma vez que Diogo está longe de apresentar o mesmo futebol dos tempos de Sport, e
o paraguaio Balbuena ainda não reúne condições de jogo. Marcelo Oliveira, Morais e Souza são outros que estão de “molho” fazendo companhia ao lateral.

Ao que parece, a melhor alternativa na visão do treinador seja improvisar: Jucilei – que vem apresentando bom futebol como volante – na ala direita; Diego – um zagueiro sem o cacoete de atacar – na ala esquerda; e Boquita como meia-armador. Ou seja, com algumas mexidas, Mano planeja mudar todo o sistema defensivo com o risco de perder poder de marcação e saída de jogo pelo meio. No ataque, exceto por Jorge Henrique e Dentinho, quem for escalado não causará tanto impacto. Desde a contusão de Ronaldo, parece que os centroavantes corinthianos estão terminantemente proibidos de balançar as redes.

É claro que o Timão tem condições de vencer o Galo e encurtar um pouco a distância que o separa dos líderes, mas para isso vai ter que recorrer àquela famosa garra alvinegra, capaz de tirar leite de pedra e superar o insuperável. Uma sugestão para a escalação do time: Felipe, Diogo, Chicão, William e Boquita (única improvisação); Jucilei, Elias (da forma como jogava ao lado de Cristian) e Edu; Jorge Henrique, Bill e Dentinho. Resultado: 1x 0 com gol de Bill, mesmo que seja de canela. Podem me cobrar depois.


José Donizetti Morbidelli
Jornalista
jdmorbidelli@estadao.com.br

ALL YOU NEED IS "LOVE" - VÁGNER LOVE

Em 2005, ele chegou a convocar até uma coletiva de imprensa num Shopping Center de São Paulo praticamente falando como jogador do Corinthians. Camisas com seu nome já desfilavam entre os torcedores, tudo porque Mr. Kia Joorabchian, com os dólares da MSI, prometia montar uma verdadeira seleção vestida com o manto alvinegro – e sem ser hipócrita, pelo menos por uma temporada a fiel torcida pediu autógrafos ao iraniano e viu a dupla Tevez e Nilmar fazer misérias com as defesas adversárias.

Agora, mesmo com MSI a anos-luz de distância do Parque São Jorge, o nome de Vágner Love – o artilheiro do amor – voltou a ser cogitado para reforçar o Timão. Segundo consta, a iniciativa de retorno ao Brasil partiu do próprio jogador, que atuando pelo CSKA praticamente dá adeus a qualquer possibilidade de ser convocado por Dunga para a Copa do Mundo de 2010.

Embora, como sempre, o Corinthians não confirme o interesse, há informações de que representantes do jogador estariam se reunindo com dirigentes do time para tentar viabilizar sua contratação – o duro é convencer os russos. A segunda batalha, ainda mais árdua, seria ganhar a queda de braço contra o rival Palmeiras, que divulgou publicamente o interesse em contar com o atacante para a sequência do campeonato.

Apesar da falta de dinheiro também ser uma realidade que impede o Palestra de fazer grandes contratações, contam a seu favor alguns detalhes que podem ser decisivos: foi lá que o jogador se formou, e o time de Muricy não tem nenhum fenômeno no ataque – nos 3x0 contra o Corinthians em Presidente Prudente, Obina foi fenomenal, um sonho alviverde, mas que durou apenas 90 minutos.

Pelo jeito, Corinthians-Love-Palmeiras é mais uma dessas novelas futebolísticas sem data estipulada para o último capítulo. Uma trama em que, na maioria das vezes, o final não é feliz para nenhuma das partes; pois quase sempre aparece um “príncipe encantado” com uma mala cheia de euros ou petrodólares e acaba com o sonho dos “mocinhos” sulamericanos. E contra o dinheiro, nem mesmo a seleção de Dunga é capaz de competir.


José Donizetti Morbidelli
Jornalista
jdmorbidelli@estadao.com.br

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

TIMÃO QUER RIQUELME OU O "NOVO MESSI"

Dá para contar nos dedos os meias de qualidade que atuam no futebol brasileiro - Douglas era um deles. No entanto, sua ida para os Emirados Árabes deixou uma lacuna enorme no meio-campo corinthiano, além de uma tremenda dor de cabeça para o treinador. E, diga-se de passagem, Douglas - que abocanhou todos os títulos que disputou pelo Corinthians - não só foi importantíssimo para o esquema tático de Mano Menezes como também cansou de colocar os companheiros na cara do gol. E se antes o ex-camisa 10 do Timão era um dos mais cornetados pela torcida, agora sua negociação é profundamente lamentada - o que comprova como o torcedor é passional -, pelo menos até a chegada de um novo "maestro" - para o setor.

Nomes para assumir o lugar de Douglas não param de ser ventilados na imprensa. Os principais são Danilo - não sei qual seria a reação da torcida diante de um ex-tricolor -; e Riquelme - esse sim se encaixaria como uma luva. Mas diante das dificuldades da contratação do craque do Boca Juniors, eis que surge um estranho nome, mas credenciado como um eventual "novo Messi" e que conta com o aval do comandante alvinegro: Matías De Federico, que defende o Huracán, também da Argentina. Agora, se o portenho jogar tanto como mostram vários vídeos postados no You Tube, não é exagero acreditar que realmente um novo craque esteja surgindo, para o bem do futebol mundial.

Embora não se admita publicamente, Riquelme continua sendo a prioridade do Timão para compor a meia cancha - tanto que as negociações estão em andamento -, mas o jovem Matías, de 20 anos, surge como uma bela opção. Se o futuro armador for mesmo um dos dois hermanos, é bom os adversários começarem a se preocupar; afinal, Riquelme ou Matías ao lado do Fenômeno é sinônimo de gols, muitos gols.

José Donizetti Morbidelli
Jornalista
jdmorbidelli@estadao.com.br

terça-feira, 11 de agosto de 2009

MITOLOGIA E CRISTIANISMO - ENTRE DEUSES E HEROIS

Desde suas origens na Antiguidade, a mitologia fascina o ser humano e confunde-se com a religiosidade, inclusive a fé cristã

José Donizetti Morbidelli
Jornalista

Os deuses do Olimpo devem estar em polvorosa. Em pleno século 21, na Era da Tecnologia, cada vez mais pessoas se interessam pela mitologia. Divindades, heróis e aventuras épicas que foram se acumulando ao longo da história da humanidade constituem um riquíssimo acervo de mitos, que, com base real ou não, povoam o imaginário das civilizações. E, tal como os imaginários habitantes do Monte Sagrado da Antiga Grécia, que envolviam-se com os mortais a ponto de gerarem filhos com eles, os mitos do passado vez por outra ressurgem com força, estimulando a arte, a crença e a imaginação de muita gente ao longo dos tempos. O segredo do mito é justamente este – com o passar dos anos, sua origem se perde no passado, a ponto de ninguém mais saber se referem-se a fatos reais ou não. Mas pouco importa: o valor do mito não está necessariamente na sua veracidade, mas na importância para o imaginário coletivo.
Num dos capítulos de O Livro de Ouro da Mitologia (Ediouro), escrito no século 18, o norte-americano Thomas Bulfinch apresenta três teorias defendidas por filósofos para explicar a origem da mitologia: a teoria alegórica, ou seja, simbólica e não condizente com a verdade propriamente dita; a teoria histórica, que, ao contrário da anterior, defende a hipótese dos mitos terem, de fato, existido em determinadas épocas; e a teoria bíblica, que pressupõe que as lendas mitológicas tenham se originado nas narrativas das Escrituras – embora a mesma tese também admita que as histórias tenham sido distorcidas no decorrer dos séculos. Independentemente de que teoria se aproxime mais da verdade, o que não se pode negar é que até hoje deuses e heróis da Antiguidade greco-romana ainda despertam enorme interesse, seja entre estudantes, pesquisadores e até teólogos – prova disso é que o livro de Bulfinch tem sido adotado por escolas e universidades em todo o mundo.
Se cada interessado por mitologia tem um motivo peculiar para se deixar levar por essas histórias fantásticas, o propósito que os move parece ser bastante similar, ou seja, tentar explicar o mundo contemporâneo alicerçando-se em supostos acontecimentos ou meras narrativas ocorridas num tempo não identificado, e que a literatura tratou de eternizar como lendas, ou melhor, como mitos. Etimologicamente, a palavra grega teogonia quer dizer origem dos deuses. Na literatura, Teogonia, de Hesíodo – o mais antigo entre os poetas gregos –, assim como Ilíada, de Homero, são as obras mais estudadas pelos especialistas no anseio de explicar a origem dos deuses e heróis da mitologia grega, isso desde o século 9 a.C. Passados quase três milênios, os estudos iniciados lá no passado ainda suscitam muitas dúvidas, e talvez o exemplo mais latente dessa incerteza seja se a mitologia pode, de fato, ser considerada uma religião. Para Jorge Pinheiro, pós-doutor em teologia e pastor da Igreja Batista de Perdizes, zona oeste de São Paulo, a resposta é não, embora as duas vertentes muitas vezes caminhem lado a lado: “Dos mitos restaram somente os rituais religiosos, os mistérios das seitas e a enorme influência de toda uma história da qual permanecem apenas os rastros”.


Conteúdo moral – Mestre em Ciências das Religiões, a advogada Maria de Fátima Moreira de Carvalho, que congrega na Igreja Assembleia de Deus de João Pessoa (PB), compactua com a afirmação do teólogo: “Mesmo que se refiram a deuses, mitologia não pode ser considerada religião; refere-se apenas a narrativas arcaicas que nos transmitem algum ensino moral”, afirma. Pode-se atribuir o início dessa desmitificação de deuses e ídolos gregos ao apóstolo Paulo, com seu célebre discurso realizado em Atenas, relatado no livro de Atos. Na capital dos filósofos do Mundo Antigo, ele mostrou-se perplexo com o ambiente de idolatria reinante naquela sociedade, a ponto de as pessoas adorarem a deuses desconhecidos. Foi justamente essa a deixa que ele aproveitou para falar-lhes de Jesus: “Esse, pois, que vós honrais sem o conhecer, é o que vos anuncio” (Atos 17.23).
Segundo o apóstolo, a religiosidade dos atenienses era imperfeita, embora aproveitável. Apesar dos atenienses continuarem militando nos caminhos da filosofia pagã, o discurso teve lá seus resultados positivos, com várias pessoas se convertendo – entre eles, Dionísio, membro da aristocracia local e integrante do prestigiado Areópago de Atenas. No entender de Jorge Pinheiro, mitologia e cristianismo seguem por caminhos bastantes díspares: “A cultura grega apresentou uma leitura mítica do destino, que traduzia a maneira de pensar e viver o helenismo – período da história grega compreendido entre os anos 323 e 30 a.C. Já a fé cristã embute a ideia de que o mundo é uma criação divina, a vitória da crença na perfeição do ser em todos seus aspectos sobre o medo trágico e a matéria que resiste ao divino”, aponta.
Mitos ou não, simbolismos e similaridades envolvendo mitologia e cristianismo é o que não falta. Um dos mais antigos enigmas da história da humanidade, a lenda do cálice sagrado – ou Santo Graal –, que algumas doutrinas apontam ter sido usado por Jesus na sua última ceia e no qual, supostamente, José de Arimatéia teria recolhido o sangue de Cristo, é um exemplo do que muitos classificam como mitologia cristã. Uma segunda versão da lenda defende que Maria Madalena teria sido a detentora do cálice – afinal, segundo a Bíblia, ela era a única mulher além de Maria presente no Calvário durante a crucificação. A lenda transcendeu os séculos subsequentes e, na Idade Média, a busca ao cálice sagrado se tornou uma obsessão para os cavaleiros medievais. Até o cinema rendeu-se à história, em produções como Indiana Jones e a Última Cruzada, terceiro filme da célebre série de aventura do herói Harrison Indiana Jones Ford, de Steven Spielberg, e O Código Da Vinci, adaptação do best seller de Dan Brown.
“O cálice sagrado é um exemplo típico de mitologia cristã, mas não é bíblico; deriva das doutrinas cátaras”, explica Maria de Fátima. “O Graal foi uma reinterpretação de um mito celta que se referia a um prato de poderes divinos que revestia a comida posta sobre ele.” Um dos principais pilares que sustentava a religião dos cátaros – povos que ocupavam o norte da península itálica no século 12 e que se opunham ao cristianismo – era a crença de que Jesus não era filho de Deus, mas um importante profeta.


Cavaleiros da cruz – Por sua vez, a Ordem dos Cavaleiros Templários, uma espécie de organização fundada no mesmo século 12, em Jerusalém, por cavaleiros franceses para proteger os reinos cristãos da invasão dos mouros, realmente existiu. Contudo, eles foram bastante mitificados ao longo do tempo. A ação perpetrada pelos templários marca o início das grandes expedições de caráter religioso e militar – historicamente chamadas de Cruzadas – para impedir o domínio das terras bíblicas pelos muçulmanos. No início do século 14, Felipe IV, então rei da França, ordenou a destruição da organização, fazendo com que os cavaleiros remanescentes se refugiassem em Portugal. Extinta, a Ordem dos Cavaleiros Templários cedeu lugar à Ordem de Cristo, tendo como seu principal fundador o papa João XXII. A experiência marítima adquirida pelos templários nas muitas peregrinações à Terra Santa colaborou para que os portugueses, a partir do século 15, aventurassem-se por mares nunca antes navegados, no processo de expansão que os levou ao Oriente e à América, culminando com a descoberta do Brasil.
Na tentativa de explicar as origens da mitologia por um viés bíblico, como exposto no livro de Bulfinch, os gregos foram muito além dos limites determinados entre a razão e a imaginação, e apontam vários personagens citados nas duas correntes – mítica e religiosa – como bases de sustentação para suas argumentações. Para eles, Deucalião nada mais é do que um segundo nome de Noé, o homem que, segundo o livro bíblico do Gênesis, salvou a humanidade e a vida animal do Dilúvio. A justificativa para a comparação é, aparentemente, simples: depois que Zeus – considerado o pai de todos os deuses na mitologia grega – resolveu acabar com a maldade da face da terra com uma enchente de proporções globais, Deucalião e sua mulher, Pirra, foram aconselhados a construir um barco que lhes garantisse a sobrevivência. E as coincidências se estendem a outros heróis: Hércules, por exemplo, seria identificado com Sansão; Árion, com o profeta Jonas. Já o dragão guardião da macieira dos pomos de ouro, cultivada no jardim das três deusas Hespérides, seria ninguém menos que a serpente maligna que enganou Eva.
Diante de tantas confrontações, há até quem ouse comparar Zeus com Deus, o criador do universo na concepção cristã. Afinal, dentro de cada uma das concepções, eles representam o Poder supremo. Não é o caso de Jorge Pinheiro, que contrapõe citando as torturas sofridas pelos judeus no livro apócrifo de Macabeus na década de 170 a.C., que preferiam a morte a fazer sacrifícios ao deus grego. “O que tem o Deus Eterno, criador dos céus e da terra, com o Zeus olímpico? Nada”, resume o pastor.


Mitos e temores – Se geograficamente a Grécia e a Itália são separadas apenas por algumas milhas do Mar Mediterrâneo, as relações históricas entre as duas nações é ainda mais estreita e vem desde a Antiguidade. Desde o século oitavo antes da Era Cristã, a cultura grega, e principalmente sua mitologia, exerce influência direta sobre a arte romana, com vários heróis reproduzidos com as mesmas características estéticas. De diferente, mesmo, apenas a nomenclatura, traduzidas do grego para o latim. A influência grega exercida sobre a arte romana chegou ao Renascimento – período compreendido entre os séculos 13 e 17, que marca a transição da Idade Média para a Idade Moderna. Até mesmo para representar a religião cristã os italianos foram buscar inspiração no classicismo grego, cuja primazia era representar seus personagens históricos e mitológicos completamente nus – daí a expressão tão comum nos dias de hoje, o nu artístico.
Rafael Sanzio, um dos principias artistas da época, e que traz a suavidade como principal característica em suas obras – como A Ressurreição de Cristo, pertencente ao acervo do Museu de Arte de São Paulo, o Masp –, e Michelangelo, o gênio que no século 16 cobriu de afrescos o teto da capela Sistina, no Vaticano, também recorreram a aspectos mitológicos em suas obras. O mestre florentino ainda legou à posteridade maravilhosas esculturas, como a representação “quase viva” do herói bíblico Davi e o colossal Moisés, que hoje encantam turistas na Itália. De tão perfeita, conta-se que, ao finalizar a obra, o próprio artista, em momento de êxtase, teria batido com o martelo no joelho da escultura e gritado: “Perché non parli?”.
Fundada nos anos 1940, a Coletividade Helênica de São Paulo é uma entidade filantrópica que trabalha no sentido de preservar e divulgar as tradições e a cultura helênica por meio de atividades sociais e assistenciais. Ex-presidente da associação, Stayros Kyriopoulos, cristão ortodoxo, afirma que são muitos os aspectos e manifestações do mundo contemporâneo que ainda remetem à cultura grega, principalmente à mitologia. “Na minha opinião, o teatro, por exemplo, é uma das atividades que mais contribuem para a preservação cultural dos mitos gregos”, diz. Já para a doutora Maria de Fátima, o maior legado deixado pela mitologia para a humanidade foi um impulso causado no pensamento filosófico. “Foi justamente para contestar a existência dos deuses mitológicos que os filófosos pré-socráticos se manifestaram, dando início aos movimentos filosóficos no Ocidente”, atesta a doutora. “Do ponto de vista cultural, a mitologia nos mostra o quanto o pensamento grego, antes do cristianismo, era cercado de temores”, completa.
Contudo, para os mais aficionados por mitologia e que procuram na arcaica cultura grega uma explicação lógica para compreender melhor alguns aspectos do mundo contemporâneo, o pastor Jorge Pinheiro deixa um alerta, ou melhor, um pensamento para reflexão: “O ser humano atravessou o mito em direção à razão e ao pensamento científico; portanto, não há porque voltar a ele”, conclui o teólogo.

Fonte: Revista Eclésia - Edição 134

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

ADEQUAÇÃO AO CALENDÁRIO EUROPEU: ATESTADO DE INCOMPETÊNCIA

Há tempos que se discute a adequação do calendário do futebol brasileiro ao europeu - cuja temporada começa no segundo semestre e termina em junho do ano subsequente -, como alternativas para que os clubes não corram o risco de perder seus principais jogadores durante a competição. A CBF se prontifica a encaminhar uma proposta em 30 dias e, se aprovada - claro, com a concordância das partes mais interessadas, que são os clubes - o novo calendário passará a vigorar em cerca de dois anos. Só um detalhe: a janela de transferência também é aberta no início de cada ano, embora por um período menor.

Se por um lado a medida beneficia os clubes, por outro atesta a incompetência dos dirigentes do futebol brasileiro e das próprias agremiações. Dos dirigentes por se renderem ao bel-prazer das equipes européias que, aliás, são indiferentes à mudança - para eles tanto faz ou tanto fez, em qualquer época basta abrir seus cofres e ir às compras -; dos clubes por não buscarem novas alternativas de receitas sem a necessidade de negociar jogadores para fazer caixa ou, muitas vezes, para dirimir as pressões dos investidores.

Patrocínio de camisas - considerando-se costas, barriga, mangas e, em contratos específicos, até debaixo do braço -; fornecedores de material esportivo, bilheterias, programa sócio-torcedor, direitos televisivos, lojas oficiais. Será que a receita gerada por tantas fontes diferentes não é suficiente, desde que bem administrada, para manter um clube, sem que necessariamente tenha que liquidar seus jogadores?

Talvez o maior empecilho para os times evitarem os eventuais desmanches - palavra que, ultimamente, tem causado calafrio em muitos torcedores - não seja propriamente a falta de verba ou o assédio dos europeus, mas a ganância dos empresários do futebol, responsáveis por não somente acabar com aquela gênese do "amor à camisa", como também por inserir cifras milionárias na mente dos atletas. E infelizmente, para esse mal ainda não inventaram - e tampouco inventarão - a cura.

José Donizetti Morbidelli
Jornalista
jdmorbidelli@estadao.com.br

SAUDADES DA SÉRIE B?

Apenas dois pontos nos últimos cinco jogos disputados: derrota para o Palmeiras, empate com o Santo André e Avaí, e novos tropeços com Náutico e Flamengo. Apenas um gol marcado e seis sofridos. Hoje, a colocação do Timão na tabela, na 11ª colocação, é pior do que quando o time disputava duas competições simultaneamente – o próprio Brasileirão, com a equipe praticamente reserva, e a fase final da Copa do Brasil. Muito se fala em perda de jogadores, período de transição, acomodação, mas o que realmente está parecendo é que o Todo Poderoso está com saudades da Série B. É bom o Timão abrir os olhos; afinal, são apenas sete pontos que o separam da zona de degola.

No ano passado, o Corinthians era o centro das atenções – em algumas rodadas, a própria TV Globo ignorou jogos da Série A para mostrar o time do Parque São Jorge. Estádios lotados, cofres abarrotados, ambiente festivo, vitórias, vitórias, vitórias... E a caravana de Mano Menezes arrastava multidões pelo país afora. Não deu outra, o time se sagrou campeão com várias rodadas de antecedência e comemorou o retorno à elite do futebol nacional como quem ganha um torneio intercontinental.

As expectativas para esse ano eram as melhores possíveis, e se confirmaram no primeiro semestre – Campeão Paulista invicto, e brilhante conquista na Copa do Brasil – o Corinthians seguiu a receita de quem quer ser campeão, marcou gols em todos os jogos fora de casa e não sofreu nenhum no Pacaembu. Mas hoje, a menos de dois meses desde a conquista em pleno território colorado (Beira-Rio), o futebol do time é irreconhecível: indefinição na defesa, lentidão na saída de jogo, ineficiência no ataque – injusto é a torcida pegar no pé do jovem Bill, que acabou de chegar e, diga-se de passagem, não é nenhum fenômeno.

Muitas têm sido as críticas destinadas à diretoria pela venda de suas principais peças, mas o próprio Mano Menezes, insatisfeito com as perdas de André Santos, Cristian e Douglas, engrossa a voz que vem das arquibancadas. "Com aquele time era possível brigar pelo título; com esse, não é", afirmou em tom de desabafo após a derrota no Maracanã. Aliás, lindo, com 50 mil torcedores fazendo uma festa que só as duas maiores torcidas do Brasil podem proporcionar. Mas dessa vez apenas uma comemorou.

José Donizetti Morbidelli
Jornalista
jdmorbidelli@estadao.com.br

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

TIMÃO: NOVAS APOSTAS E FUTEBOL GLOBALIZADO

Enquanto os "galáticos" – palavra proibida no Parque São Jorge – não chegam, o Corinthians segue apostando suas fichas em jogadores que vem se destacando por equipes de menor expressão. O nome da vez é do volante Ralf – o Barueri desmente a negociação, mas muitos já dão a transferência como certa. O problema é que o volante somente poderia ser utilizado a partir do ano que vem, uma vez que ele já vestiu a camisa do time da Grande São Paulo por mais de sete vezes no Brasileirão.

Quando André Santos, Chicão e Cristian foram contratados pelo Timão, também eram uma incógnita. Com o tempo, eles ganharam status de "estrelas" e foram preponderantes para as recentes conquistas do time. Jucilei tem tudo para seguir o mesmo caminho, e Ralf – bom jogador, tanto que seu nome é muito especulado entre os grandes do futebol brasileiro – viria como mais uma opção para o já concorrido meio-campo alvinegro. Uma agradável dor de cabeça para Mano Menezes.


E é esse mesmo setor que tem gerado as maiores especulações e ansiedade dos torcedores. Riquelme continua sendo o "sonho de verão" dos corinthianos e, embora o técnico Alfio Basile tenha afirmado em bom castelhano que "Riquelme le cierro la puerta y con candado", tudo indica que o sonho irá se concretizar; precavido com a eventual perda de seu principal jogador, o Boca Juniors já acertou o empréstimo de Ariel Rosada, cujo passe pertence ao Celta de Vigo (Espanha).


Riquelme seria o terceiro gringo do elenco, que já conta com o zagueiro-lateral Escudero, que se recupera de contusão; e do lateral-zagueiro Edgar Balbuena, recém-contratado junto ao Liberdad, do Paraguai. É a globalização do futebol no Timão, tudo pela conquista da América no ano de seu centenário.


José Donizetti Morbidelli
Jornalista
jdmorbidelli@estadao.com.br

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

ATÉ QUE PONTO VALE A PENA CONQUISTAR A COPA DO BRASIL?

A estreia foi no Pacaembu contra o Fortaleza pela Copa do Brasil do ano passado. Resultado: 2x0 para o Timão. Depois, já pela Série B, duas partidas fora de casa, contra o Brasilense e o Bahia. Resultados: 1x1 e 3x0, respectivamente. Agora, depois de exatos 291 dias o Corinthians voltou a usar sua polêmica e até então invicta camisa roxa contra o Náutico. Mas aquela noite de festa, com vitória fácil - afinal, do outro lado estava o lanterna da competição - e recuperação na tabela, sucumbiu diante de um adversário fraco e do péssimo estado do gramado dos Aflitos.


Pelo jeito, o técnico Mano Menezes vai ter muito trabalho para remontar o time, visivelmente enfraquecido pela perda de alguns jogadores e falta de entrosamento entre os substitutos. Perder três ou quatro peças, considerando os atletas negociados e a contusão de Ronaldo, pode não parecer muita coisa, mas no caso específico do Corinthians a diferença é visível, diria até grotesca! Chicão e William dando chutões; Elias perdido e carente de seu antigo companheiro de meio-campo - ele até fez uma bela jogada que quase resultou em gol, mas é muito pouco -; um setor esquerdo, antes considerado um dos pontos fortes da equipe, totalmente inexistente; Dentinho cobrando escanteio; e ainda Bill sem entrosamento e um Souza pra lá de azarado. De positivo mesmo, apenas a boa estreia de Edu, com seus passes precisos, e a regularidade do volante Jucilei - esse sim uma bela contratação.


Se antes o futebol do Timão encantava - e ainda pode voltar a encantar - , atualmente o que se tem visto é um time mais para coadjuvante intermediário do que para favorito ao título. De quem é a culpa? Diretoria, jogadores, comissão técnica, gringos, gramado? Acho que o principal culpado é a Copa do Brasil, uma competição deliciosa de se ver e que caiu no gosto do povo, mas que também tem lá seu lado negativo. Até que ponto vale a pena conquistar a Copa do Brasil? Se for apenas para assegurar vaga para a Libertadores, valorizar e negociar jogadores, e deixar de lado o Brasileirão - que é o principal campeonato de clubes do país - achando que o objetivo do ano já foi conquistado, então eu digo com todas as letras: "Não vale a pena!".


José Donizetti Morbidelli
Jornalista
jdmorbidelli@estadao.com.br

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

APRENDENDO COM O VERDÃO

"Para sair do Palmeiras agora, só por cima do meu cadáver", foram as palavras do presidente Luiz Gonzaga Belluzzo, diante do imbróglo envolvendo as eventuais saídas de seus principais jogadores - Cleiton Xavier, Diego Souza e Pierre.

É claro que, por trás dessa declaração, tem o dedo do recém-contratado Muricy Ramalho. Além de carregar o status de um dos mais vitoriosos treinadores do país, ele não teria aceito dirigir o Palestra sem garantias efetivas da diretoria e dos investidores de manter o elenco, pelo menos até o final do ano.

E pelo jeito, a parceira Traffic parece ter aprendido como gerenciar futebol e está disposta a esperar por um momento mais oportuno para recuperar os investimentos - em caso de título, o lucro será muito maior. O caso mais complicado, no entanto, é do volante Pierre que, aos 28 anos, pode estar perdendo sua última oportunidade de se transferir para o exterior e conquistar aquilo que os jogadores chamam de "independência financeira" - como se aqui eles ganhassem salário mínimo . Em contra-partida, seria um absurdo negociá-lo pela ninharia que tem sido oferecida. Mas se é pelo bem da nação alviverde, Pierre diz que quer ficar.

Se as vendas recentes de André Santos, Cristian e Douglas atingiram o Corinthians como uma tempestade, pelo jeito no Parque Antártica o efeito parece não ser nada mais do que uma simples marolinha.

Agora, uma coisa que não entendo: Por que é tão difícil para o Timão segurar seus atletas, e o rival consegue essa proeza sem tanto esforço, bastando meia dúzia de palavras para convencer seus investidores? Será que os dirigentes alviverdes são mais competentes que os alvinegros? Talvez o que esteja faltando é o tão antigo, mas ainda impressindível, "bom diálogo".

José Donizetti Morbidelli
Jornalista
jdmorbidelli@estadao.com.br

terça-feira, 4 de agosto de 2009

ALGUMAS POSSÍVEIS VARIAÇÕES TÁTICAS DE MANO MENEZES

Se o Corinthians não perder mais nenhum jogador até o final de agosto - quando se encerra o período de transferência para o futebol europeu -, e se concretizarem as negociações em andamento - principalmente do volante Lucas e do meia Riquelme, contratações difíceis mas perfeitamente possíveis -, o técnico Mano Menezes irá dispor de um elenco bastante forte para a sequência do Campeonato Brasileiro e a preparação do time para a Libertadores 2010.

Embora o técnico não esconda sua preferência pelo esquema 4-3-3, será possível experimentar novas variações técnicas, dependendo, é claro, das circunstâncias dos jogos. A príncípio, a equipe titular seria: Felipe, Alessandro, Chicão, William e Marcelo Oliveira; Lucas, Elias e Riquelme; Jorge Henrique, Ronaldo e Dentinho.

Se ele quiser, entretanto, optar por um time mais forte no meio de campo, poderá substituir um dos atacantes pelo meia Edu, compondo um quadrado com o gringo e os dois volantes.

Na defesa, ele também poderá optar por três zagueiros, com a entrada do recém-contratado Paulo André, alterando o esquema táticopara 3-5-2 e dando mais liberdade para que os alas possam se aventurar ao ataque.

Mas, depois de quase dois anos a frente do Corinthians, quem bem conhece o Mano aposta que ele não fará grandes mudanças no esquema de jogo - e eu assino embaixo. Afinal, foi assim que o time renasceu das cinzas ao conquistar a Série B e os títulos de Campeão Paulista e da Copa do Brasil.

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segunda-feira, 3 de agosto de 2009

CORINTHIANS: SONHO DA TRÍPLICE COROA CADA VEZ MAIS DISTANTE

Para os corinthianos, pior do que o sonho da tríplice coroa estar cada vez mais distante - façanha conquistada somente pelo Cruzeiro em 2003 -, é ver o arquirrival Palmeiras cada mais líder do que nunca. Tanto o Timão como o Verdão têm quatro títulos brasileiros, e essa edição seria como uma espécie de tira-teima - se bem que, em nível nacional, o time de Parque São Jorge conquistou três vezes a Copa do Brasil e Palestra apenas uma.

Sábado, sob o comando de Muricy Ramalho e a regência campal da dupla Cleiton Xavier e Diego Souza, o Palmeiras voltou da Ilha do Retiro com três importantes pontos ao fazer 1x0 no Sport; já, no Pacaembu, o Corinthians até que tentou, mas esbarrou numa muralha catarinense: com excelentes defesas, o goleiro Eduardo Martini garantiu o 0x0 para o Avaí.

A diferença agora entre os rivais, a três jogos do término do primeiro turno, sobe para 9 pontos. O que pode diminuir ou até aumentar esse número é a ainda temida "janela de transferência". Pelo Corinthians, a tempestade já parece ter passado - e Mano Menezes ainda conta com a estreia de Edu e a chegada de eventuais reforços (Lucas, do Liverpool e Riquelme, do Boca Juniors são nomes muito especulados). O Palmeiras parece viver o dilema que antes rondava o outro parque: Pierre, com uma proposta do futebol árabe, pode ser o primeiro da lista; fala-se também nas saídas de Cleiton Xavier e Diego Souza.

Daí, a situação pode realmente se complicar. E quem lucra com isso é o São Paulo, que ainda não perdeu ninguém e que vem se recuperando bem no campeonato - ontem, a vítima foi o Vitória, em Salvador.

Muita coisa ainda pode acontecer com o trio de ferro paulista, mas pelo jeito esse campeonato será mesmo decidido não dentro das quatro linhas, mas pelos dirigentes nos bastidores - e diga-se de passagem, esses não têm nada de craques.

José Donzetti Morbidelli

Jornalista

jdmorbidelli@estadao.com.br