Natural de Minas Gerais, José Donizetti Morbidelli é jornalista e escritor. Além de artigos para jornais, revista e sites, escreveu Avenida São João: Apogeu e Decadência, livro-reportagem que mostra as fases antagônicas de uma das principais avenidas da capital paulista, A Vida na Ponta dos Pés, biografia do bailarino Peter Hayden, prefaciado pela atriz Irene Ravache; e o roteiro Fúria e Redenção. É também produtor editorial e possui experiência da área de assessoria de imprensa e comunicação.
segunda-feira, 21 de junho de 2010
BRASIL NOTA DEZ, DUNGA NOTA ZERO
É até compreensível que muitos técnicos de futebol não gostem de dar entrevistas coletivas após os jogos, especialmente quando suas seleções não fizeram um bom jogo e toda a imprensa mundial está à busca de explicações. Não é o caso do Brasil que, contra a Costa do Marfim, fez até agora a sua melhor partida na Copa da África, credenciando-se definitivamente como uma das favoritas ao título. Como explicar, então, esse constante mal-humor do técnico Dunga, maquiado por um sarcasmo em forma de risinho sem graça e revestido de uma prepotência inerente a quem se julga viver acima do bem e do mal? Dessa vez, ele não somente foi arrogante com a imprensa como extrapolou todos os limites da indelicadeza. A vítima, o jornalista Alex Escobar, competente profissional da TV Globo e SporTV, que ali simplesmente cumpria seu papel de jornalista - e porque não dizer também, de torcedor, como todo brasileiro. Sabe-se lá por que motivo - ao que parece, um mal-entendido -, o Sr. Dunga interrompeu a entrevista coletiva para insultar o repórter. E foi além: sem perceber que o microfone da sala de imprensa estava ligado, começou a balbuciar palavrões, numa postura nada condizente com a de um comandante da Seleção Brasileira. Reprovável, para não dizer patética!
Na verdade, Dunga nunca foi unanimidade à frente da Seleção, e mesmo depois de quatro anos no comando com resultados expressivos - diga-se de passagem -, ele ainda parece não ter aprendido a conviver com as críticas. No dia 20 de junho, após a bela vitória contra os “leões africanos” em Johannesburgo, aquele que deveria servir de exemplo aos seus comandados simplesmente envergonhou o país - esse é o sentimento que fica para aqueles que, como eu, assistiram à entrevista.
Em vez de criticarem enfaticamente os jogadores argentinos e o técnico Maradona por suas declarações um tanto quanto contundentes - às vezes, até mesmo provocativas -, é bom os brasileiros começaram a notar o que acontece nos bastidores da própria Seleção Brasileira. Provocar ainda faz parte do jogo; agora, insultar, chamar a atenção e o pior, usar palavras de baixo calão contra quem quer que seja, é intolerável.
É claro que o povo brasileiro vai continuar torcendo pelo hexa do Brasil. Entretanto, torcer por um treinador deselegante e despreparado emocionalmente fica muito difícil!
José Donizetti Morbidelli Jornalista jdmorbidelli@estadao.com.br http://jdmorbidelli.zip.net twitter.com/jdmorbidelli
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